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2014.12.03

Stress influencia o sexo dos bebés

Um estudo da Universidade de Oxford refere que os problemas da mãe podem “decidir” o sexo de um bebé, apontando como exemplo o facto de, após o 11 de setembro em Nova Iorque, ter havido uma queda pouco comum de nascimentos de rapazes, mas os investigadores são prudentes: “São necessárias mais confirmações.”

Uma mulher stressada tem mais probabilidade de dar à luz uma rapariga do que uma mulher com uma vida equilibrada. Esta hipótese é avançada num estudo conduzido pela Universidade de Oxford e apresentado na conferência da American Society of Reproductive Medicine, realizada em Orlando, na Florida. 

Os investigadores afirmam ter encontrado evidências de um fator capaz de influenciar o misterioso mecanismo que condiciona a definição do sexo. No entanto, são cautelosos. O universo do estudo ainda é muito reduzido e pode ser falível. 

Nesta investigação, foram acompanhadas 338 mulheres britânicas que estavam a tentar ter um filho, tendo sido monitorizado o seu nível de stress e o estilo de vida. A essas mulheres, foi pedido para anotarem num diário todas as informações do seu dia-a-dia e a atividade sexual. Paralelamente, foram medidas as oscilações de duas hormonas ligadas ao stress: o cortisol e alfa-amilase. A primeira está associada aos efeitos do stress a longo prazo e a segunda é libertada pelo organismo após eventos de stress temporário. 

A investigação decorreu ao longo de seis meses e, das 338 mulheres que participaram no estudo, 130 acabaram por engravidar, dando à luz 72 crianças, 58 das quais do sexo masculino. Segundo Cecilia Pyper, investigadora do Departamento de Saúde Pública de Oxford, que monitorizou o estudo, os resultados podem mostrar uma correlação entre o stress crónico da mãe e o sexo do recém-nascido. Quando mais stressada estiver a mãe, durante a gravidez, mais aumentam as possibilidades do nascimento de uma menina. “Na nossa investigação, observámos que as probabilidades do nascimento de uma criança do sexo masculino baixavam em 75% entre as mulheres com altos níveis de cortisol”, afirmou Cecilia Pyper. 

Para a alfa-amilase, não foram encontradas correlações a respeito do sexo, mesmo se as mulheres onde a hormona surgia em excesso sentissem mais dificuldade em engravidar. O estudo aponta como exemplos os meses após o ataque terrorista ao World Trade Center, em Nova Iorque, após o qual houve uma quebra anormal de nascimentos de crianças do sexo masculino. Algo de semelhante aconteceu na antiga República Democrática da Alemanha (RDA) após a queda do Muro de Berlim, que teve como consequência o nascimento de menos crianças masculinas do que a média estatística anterior. Cecilia Pyper destaca que os resultados do seu trabalho necessitam de maior aprofundamento, “sendo importante contextualizar estas informações, tanto mais que o universo analisado é pequeno, sendo necessário alargá-lo a uma população mais vasta”. 

Na origem deste estudo está uma investigação mais ampla, que visa perceber melhor os elementos que influem na saúde dos recém-nascidos e das suas mães. “Estamos a tentar compreender os fatores que podem influenciar a probabilidade de uma gravidez ir a bom termo”, acrescentou. Num trabalho anterior, uma equipa anglo-saxónica já havia identificado a ansiedade e o stress como fatores capazes de provocar problemas durante a gravidez. De qualquer modo, este trabalho é o primeiro a incidir sobre o estilo de vida materno e a equacionar fatores capazes de influir na definição do sexo.

O trabalho de Cecilia Pyper suscitou muita perplexidade. “Os resultados obtidos não significam necessariamente que o stress seja o motivo para a prevalência de nascimentos do sexo feminino”, afirmou Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield. “É possível que os níveis de stress medidos neste estudo sejam indicativos de outros aspetos da vida destas mulheres, como o trabalho, a alimentação ou fatores relacionados com as suas relações. Todos estes elementos podem ser relacionados com a proporção de nascimentos dos dois sexos.”

Fonte: Revista Mais Médis nº 6, Edição: Cofina Media
 

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