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“A depressão é mais incapacitante do que muitas doenças físicas”

Atualizado a 28 agosto 2020

Muitas vezes, quem sofre de um problema mental autocensura-se e minimiza a questão. Qual é a importância de alterar comportamentos e pedir ajuda? Como se educa as pessoas nesse sentido?

É importante trabalhar a dois níveis. O primeiro é reconhecer que os problemas da saúde mental são tão relevantes quanto outros problemas da área da saúde. Existe, muitas vezes, a tendência para minimizar uma depressão como algo menos problemático do que, por exemplo, um problema de saúde física. Mas tudo o que se sabe sobre a depressão mostra exatamente o contrário.

A depressão é mais incapacitante do que muitas doenças físicas. Tem muitos mais custos, é muito mais problemática e não resulta propriamente de atos de vontade, na medida em que uma pessoa não pode simplesmente decidir não estar deprimida.

O segundo nível passa pela redução do estigma associado a este tipo de perturbações. Todos nós, em determinadas circunstâncias, podemos vir a ter um problema de saúde mental. E é importante saber isso. Até porque naturaliza um pouco esta experiência.

A perturbação mental é um problema, mas não corresponde a uma falha, a uma deficiência ou a uma fragilidade. Deve levar a pessoa a procurar ajuda para resolver e ultrapassar a situação. Salvo algumas exceções, o facto de alguém ter um problema de saúde mental não significa que vá ter esse problema para o resto da vida.

De que forma podemos encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e gerir a nossa saúde mental ao longo do ano?

É importante que se mantenha, por exemplo, um espaço claro e positivo de descanso, de vida familiar e de amizades. Porque muitas vezes as pessoas sacrificam isso em função do trabalho.

Adicionalmente, é importante que haja fronteiras entre vida profissional e vida pessoal para que uma não invada a outra.

Ainda ao nível da vida profissional, esta deve estar associada a condições mínimas de trabalho, segurança e rendimento. Ninguém consegue estar bem se o trabalho que tem não lhe permitir ter uma vida digna.

Além disso, o trabalho pode ser uma fonte de realização. Se a pessoa sentir que o que faz tem um determinado propósito ou gera impacto na sociedade, é algo que enriquece a sua vida.

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