Ultrassons podem substituir endoscopia

Atualizado a 21 novembro 2019

Uma pesquisa realizada por dois investigadores da Universidade de Carnegie Mellon, em Pittsburgh, Estados Unidos da América, apresentou um método não invasivo de imagem por ultrassons que permite realizar o diagnóstico de problemas que afetam pulmões, garganta e o aparelho digestivo.

Esta técnica inovadora promete ser uma alternativa à endoscopia, um exame que permite, por exemplo, fazer o despiste de patologias como a Doença de Crohn.

Imagens de qualidade superior

De acordo com os autores do estudo, uma das principais lacunas da endoscopia, nomeadamente em termos da qualidade das imagens, está relacionada com o ambiente em que se insere o endoscópio: um “meio turvo, denso e opaco, que limita o trabalho dos meios óticos”.

De facto, o referido tecido “é composto por grandes partículas e membranas, e restringe a profundidade e a resolução das imagens óticas”, explicam os investigadores.

Mas, com esta nova técnica, esses problemas deixam de existir, pois “através de um sistema de ultrassons é possível capturar imagens de qualidade superior, graças a um efeito de compressão/rarefação da luz local que torna os meios turvos imediatamente transparentes”, garantem os autores do estudo.

Utilizar o corpo como “lente”

Esta técnica permite tornar a densidade dos tecidos num aliado. Uma vez que a velocidade da luz é diferente consoante a densidade dos tecidos analisados, a equipa da Carnegie Melon aplica os ultrassons para controlar essa velocidade, permitindo ajustar o foco de luz consoante a densidade dos tecidos.

Ou seja, segundo Chamanzar, os ultrassons vão “esculpir” uma lente de retransmissão ótica virtual no interior do meio-alvo (tecido biológico)”. Na prática, os tecidos do corpo “são transformados numa ‘lente’ que ajuda a capturar e retransmitir imagens em zonas mais profundas”, completa.

Quanto ao seu funcionamento, o investigador sublinha que “o que torna esta abordagem única é a utilização do tecido biológico, para influenciar positivamente a luz local”. Essa interação “permite contrabalançar os objetos que perturbam a trajetória da luz”.

Técnica versátil

O método desenvolvido por Chamanzar e Scopelliti permite ainda outras aplicações. Entre elas está a captação de imagens cerebrais, diagnosticar problemas na pele ou a identificação de tumores.

A versatilidade desta técnica permite que a observação seja feita com recurso a um transdutor (semelhante ao de uma ecografia) ou através de um “adesivo”. Independentemente da opção, basta aplicar o emissor à superfície da pele para obter imagens internas sem os eventuais efeitos colaterais de uma normal endoscopia e com maior qualidade de imagem.

Para Maysam Chamanzar, esta tecnologia, “permite captar imagens de órgãos, como, por exemplo, o cérebro, sem a necessidade de inserir componentes óticos físicos, assumindo-se uma alternativa à intervenção endoscópica”, podendo ser encarada como “uma forma revolucionária no campo de imagiologia biomédica".

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Fontes utilizadas:
MedicalNewsToday.com | Nature.com | OSA-OPN.org

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