A menopausa é um período do ciclo de vida das mulheres com um enorme impacto no seu bem-estar físico, mental e social. A saúde oral também pode ser afetada pelas mudanças hormonais que ocorrem durante a menopausa, e o médico dentista tem um papel preponderante na deteção, tratamento e prevenção das patologias orais associadas a esta fase. Matilde Duarte Silva, médica dentista, esclarece esta e outras questões relacionadas com a associação entre a menopausa e a saúde oral.
2. Como é que a menopausa afeta a saúde oral? É um processo isolado ou está relacionado com todas as outras alterações sistémicas?
Todas as estruturas e tecidos do nosso corpo são sensíveis a mudanças hormonais, a cavidade oral não é exceção e passa pelos mesmos processos biológicos. Há patologias orais que podem estar a ocorrer durante a menopausa e que são independentes desta. No entanto, temos de estar atentos a uma maior tendência para certas situações que podem ser precipitadas ou exacerbadas precisamente pelas alterações hormonais que ocorrem na menopausa.
A boca é composta por diversas estruturas e tecidos. Os dentes estão inseridos em osso e em gengiva. O resto da cavidade oral é revestido por mucosa, como por exemplo, o interior das bochechas, o palato, o pavimento da boca. A diminuição de estrogénio pode diminuir a densidade óssea dos maxilares, afetar a capacidade de resposta da gengiva às agressões bacterianas e alterar a produção de saliva tornando as mucosas mais secas e sensíveis.
3. E em que patologias orais é que estas alterações se podem traduzir?
A mais prevalente é a doença periodontal, que representa cerca de 60% das queixas orais nesta fase da vida das mulheres.
Podem também surgir os síndromes da boca seca, da boca ardente e alterações de paladar, queixas muito comuns devido à diminuição da produção de saliva. A saliva é muito importante pois ajuda a neutralizar os ácidos produzidos pelas bactérias, a remover as partículas dos alimentos e a manter uma flora bacteriana saudável. Um menor fluxo de saliva pode levar a uma maior tendência para a cárie dentária e ao surgimento da candidíase oral, por exemplo.
4. Quais são os primeiros sinais que o médico dentista pode detetar?
Em qualquer paciente, mas sobretudo quando tratamos mulheres a partir dos 45 anos, devemos estar atentos a gengivas inchadas e sangrantes (inclusive em pacientes com boa higiene oral), aos níveis ósseos apresentados nas radiografias intra e extra-orais, a um aumento súbito do índice de cárie dentária que não é explicado por exemplo por um aumento no consumo de açúcar, e a mucosas mais secas e friáveis.
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