Inteligência Artificial ajuda a diagnosticar Alzheimer

Atualizado a 19 fevereiro 2019

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta os neurónios no cérebro, sendo a forma de demência mais comum no mundo. Provoca perda de memória, desorientação e perda gradual das capacidades intelectuais. Uma vez diagnosticada, as pessoas, normalmente, vivem uma média de 9 anos com a doença.

No entanto, uma equipa de investigação do departamento de radiologia e imagiologia biomédica da Universidade da Califórnia, em São Francisco, criou um método que permite detetar a doença 6 anos antes de um diagnóstico tradicional. Para tal, aplicam um algoritmo que recorre à inteligência artificial (IA) para analisar imagens provenientes de uma tomografia por emissão de positrões (PET). Os resultados prometem revolucionar o diagnóstico da Alzheimer.

Dados que detetam a Alzheimer

A equipa de investigação aplicou o seu algoritmo de inteligência artificial a cerca de 2109 exames PET, realizados entre 2005 e 2017, provenientes do Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative (ADNI), referentes a 1002 pacientes. O algoritmo “treinou” em 90% dos dados recolhidos na ADNI. Os restantes 10%, assim como um teste independente, foram comparados com leituras radiológicas com o intuito de testar a performance do algoritmo.

Quando a doença de Alzheimer progride, verifica-se algumas alterações no modo como os neurónios utilizam a glucose. Esta alteração torna-se visível num exame PET. Ao verificar essa pequena mudança, o algoritmo deu aos investigadores um padrão do que poderia ser uma identificação de um indicador precoce de Alzheimer.

Resultados que prometem

Os resultados foram surpreendentes. De acordo com o artigo publicado no site Radiology, a equipa descreve como o algoritmo atingiu uma especificidade de 82% com uma sensibilidade de 100%, tendo diagnosticado casos de Alzheimer numa média de 75,8 meses (6 anos) antes ao diagnóstico final, com um intervalo de confiança de 95%.

Jae Ho Sohn, elemento da equipa de investigação da Universidade da Califórnia, congratulou-se com o desempenho do algoritmo, uma vez que este conseguiu prever todos os casos que, posteriormente, evoluíram para Alzheimer.
De acordo com a equipa de investigação, este novo método precisará, a partir daqui, de uma validação contínua, através de bases de dados mais alargadas, assim como de um maior acervo de imagens.

Doença de Alzheimer e futuros desenvolvimentos

Atualmente, e de acordo com o Observatório Alzheimer Disease International, em cada 3 segundos uma pessoa no mundo desenvolve demência. Estima-se que, em 2017, existissem cerca de 50 milhões de casos em todo o mundo. Este número crê-se que possa duplicar a cada 20 anos. Em 2015, o custo económico da demência representava cerca de 1,09% do PIB mundial, qualquer coisa como 709 mil milhões de euros.

No futuro, o algoritmo desenvolvido na Universidade da Califórnia poderá ser uma ferramenta de extrema utilidade, não só para as equipas de radiologia, mas também por abrir novas perspetivas para a deteção precoce e possíveis tratamentos para a doença de Alzheimer.

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