“Se não fosse este apoio, não teria aguentado”
A vida da família mudou radicalmente e a mulher, Maria do Céu Lopes, ainda se emociona quando recorda tudo.
Finalmente, Maria do Céu Lopes tinha a “boa” vida que tanto desejara e para que tanto trabalhara: uma vivenda espaçosa e confortável no Pinhal Novo, dois carros à porta, o negócio de um restaurante, dois filhos encaminhados, de 13 e 18 anos. Estava feliz.
A notícia não podia ser pior: a indisposição do marido era resultado de um cancro muito agressivo no estômago, a necessitar operação urgente.
Naquela manhã, dirigiu-se como habitualmente para o trabalho, mas um tanto apreensiva. O marido, Mário João Lopes, de 41 anos, já há uns tempos que não se sentia bem, com uma indisposição generalizada e uma sensação de enfartamento que pouco o deixava comer. Naquela manhã, resolvera ir a um médico conhecido da família. E foi ele que ligou a Maria do Céu, dizendo-lhe que precisavam de falar.
A notícia caiu como uma bomba: Mário tinha um cancro no estômago, muito agressivo. Era muito grave. Precisava de ser operado imediatamente.
Maria do Céu é a mais nova de cinco irmãs muito unidas. Se não fosse todo o apoio que lhe deram, tanto a nível prático como emocional, acompanhando-a, ajudando-a e tomando conta do negócio, tudo teria sido ainda mais problemático e angustiante para a família. “Se não fosse este apoio, não teria aguentado”, diz.
Ainda chora quando se lembra do abraço da irmã mais velha, dizendo-lhe: “Vai descansada, a mana toma conta disto [restaurante]. Quando recorda como o seu filho, então apenas com 18 anos, “cresceu tanto”, esforçando-se por substituir o pai nas suas várias tarefas. Quando se lembra como outra das suas irmãs a consolou no corredor do hospital, depois da conversa com o cirurgião: “ ‘O cancro está disseminado. Precisa de ser muito forte’, disse-me. ‘Quanto tempo?’, perguntei. E o médico respondeu que ele devia ter apenas três semanas de vida. Percorri o corredor até à sala de espera onde estava a minha irmã a chorar, a chorar, atordoada. Três semanas…?”, conta.
“Nunca repeti o que o médico me disse às pessoas que perguntavam pelo meu marido. Nunca chorei à frente dos meus filhos. Dizia a toda a gente: Ele vai tratar-se e vai correr tudo bem. E dizia-o, não para me convencer a mim própria, mas porque acreditava, agarrei-me a isso.”
Maria do Céu tornou-se naturalmente a cuidadora do marido a tempo inteiro, desde que ele saiu da sala de operações. A sua situação agravou-se de forma muito rápida, emagreceu, deixou de andar e, quase, de falar.
O milagre da quimioterapia
Iniciar a quimioterapia era um grande risco, mas poderia ser a única solução. Queria arriscar? perguntou-lhe a médica.
Ao fim de seis meses de tratamentos, Mário foi recuperando de forma surpreendente. O seu caso foi discutido, estudado e levado a congressos médicos.
Ela concordou e foi a melhor decisão que tomou na vida. Os tratamentos prolongaram-se durante seis meses. Os resultados foram milagrosos. Mário foi recuperando de forma surpreendente. Pelo meio, foi sempre recebendo incentivos de toda a gente. Ficou especialmente sensibilizado com o que lhe disse uma jovem, quase da idade da filha, durante uma das sessões de quimioterapia. “Não é ele que nos mata, somos nós que o matamos a ele”, referindo-se ao cancro.
Para grande surpresa de todos os médicos, Mário curou-se. O seu caso foi discutido em reuniões e apresentado em congressos. Já lá vão 11 anos, teve alta da vigilância, trabalha e faz a sua vida normal.
Durante a doença, para garantir os melhores cuidados médicos, o casal teve de vender a vivenda onde morava e o restaurante, passar para um apartamento e começar a trabalhar por conta de outrem.
“Mas pouco importa porque agora dou valor a outras coisas”, diz Maria do Céu. O importante é a minha família e esta experiência aproximou-nos como nunca, reforçou os alicerces familiares.”
Tenho Cancro. E depois? é um projeto editorial da SIC Notícias com o apoio da Médis.
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