"Somos um porto seguro, em quem se pode confiar."
Se já antes da pandemia os doentes oncológicos estavam obrigados a ficar, muitas vezes, isolados devido a terapêuticas contra o cancro, a chegada do novo coronavírus veio intensificar esta condição - de recordar que os doentes em tratamento poderão estar imunodeprimidos, logo, mais sujeitos a contrair infeções.
Enfrentar um cancro enquanto se lida com o medo acrescido que a covid-19 trouxe à vida de todos, pode causar uma dose considerável de ansiedade e pânico. Para além disso, lidar com todas estas emoções, isolado do resto do mundo, pode representar uma maratona penosa e solitária.
Nesse sentido, serviços que possibilitam a aproximação dos doentes com cancro à ajuda de que precisam, como as linhas de apoio telefónico, tornaram-se ainda mais importantes.
Tecnologia como forma de aproximação entre profissionais e doentes
"No início da pandemia, houve uma grande preocupação da nossa parte para com os doentes, no sentido de percebermos se estavam sozinhos ou se tinham alguém que lhes levasse os bens essenciais a casa. Houve a necessidade de fazermos várias chamadas para sabermos como as coisas estavam a correr a estes doentes", explica a enfermeira Cláudia Baltazar, uma das profissionais que trabalha na linha telefónica de Gestão de Doença da seguradora Médis, direcionada ao doente oncológico. A empresa tem, nos últimos anos, reforçado o serviço que disponibiliza a este grupo da população portuguesa.
A enfermeira recordar-se, como se fosse hoje, de um episódio em específico: O caso de uma doente que estava fora da sua zona de residência, a fazer tratamentos - cirurgia, radioterapia e quimioterapia. "Como nós sabíamos que estava sozinha, fizemos um acompanhamento constante desde o primeiro momento. Quando regressou a casa, passado alguns meses, ligou-nos a agradecer e a dizer que estava bem." Posto isto, a doente referiu ainda que a própria voltaria a ligar caso precisasse novamente de ajuda e que, agora, outros precisariam mais do que ela. "Acho que este exemplo refere, com clareza, a proximidade que conseguimos ter com as pessoas que nos procuram", explica Cláudia Baltazar.
"É em situações de crise que as fragilidades ganham vida."
Os enfermeiros fazem parte do grupo de profissionais de Saúde que mais ligação cria com o doente em geral. No cancro, tendo em conta a duração dos tratamentos e, por vezes, dos internamentos, este facto é ainda mais evidente. Ter estes profissionais à distância de um telefonema pode ser muito valioso.
"Somos um porto seguro, em quem se pode confiar. Quem nos procura pode expressar os seus sentimentos, inseguranças ou dúvidas", refere Ana Sousa, também ela uma enfermeira que presta apoio telefónico. "Ter alguém que nos ouça e compreenda, ajuda a dar sentido à nossa existência, porque é em situações de crise que as fragilidades ganham vida", acrescenta.
Já a enfermeira Ana Tarrulas põe a tónica no facto de esta doença afetar muito os familiares que acompanham o doente, tornando-se imperativo, em certos casos, prestar apoio a este grupo. Um trabalho que apesar de gratificante, nem sempre é fácil. "Nós, enfermeiras, ao vivermos situações que nos afetam muito tentamos, igualmente, cuidar umas das outras dentro da própria equipa", confessa.
Outros contactos de apoio telefónico direcionados a doentes oncológicos, familiares e cuidadores:
Liga Portuguesa Contra o Cancro
- Linha Cancro está disponível através do 808 255 255 ou através do endereço electrónico: linhacancro@ligacontracancro.pt
- Doentes oncológicos residentes na região Norte do país durante este período de isolamento podem ligar para o número 800 919 232 (das 8h30 às 17h30, de 2ª a 6ª feira)
Tenho Cancro. E depois? é um projeto editorial da SIC Notícias com o apoio da Médis.
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