Obesidade: um rastilho para o cancro?

Atualizado a 20 fevereiro 2020

O excesso de células gordas no organismo pode ser um fator que aumenta o risco de cancro. Quem o diz é a ciência e nós explicamos esta relação.

Cancro e obesidade. Dois problemas de saúde de que muito se ouve falar e que podem estar relacionados, como revelou um estudo publicado no British Medical Journal, intitulado “Adiposity and cancer at major anatomical sites: umbrella review of the literature”, e, mais recentemente, a pesquisa “Global patterns in excess body weight and the associated cancer burden”, publicada no American Cancer Society Journal.

O cancro é uma das principais causas de morte no mundo, enquanto a prevalência da obesidade mais do que duplicou nos últimos 40 anos, prevendo-se que venha a aumentar ainda mais no futuro. Portugal, em particular, é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) cuja taxa de obesidade é das mais elevadas.

58 199

foi o número de casos de cancro em Portugal, ocorridos apenas em 2018, segundo dados da International Agency for Research on Cancer

No relatório Health at a Glance 2019, da OCDE, aparece em 4.º lugar, juntamente com a Finlândia, na lista de países com maior taxa de população com excesso de peso (inclui obesidade), quando comparados com a média da OCDE (55,6% contra os 67,6% de Portugal e Finlândia).

Os riscos da obesidade para a saúde são vários: desde doenças crónicas, como a hipertensão, diabetes tipo 2 ou níveis anómalos de lípidos no sangue (dislipidemia), à correlação com alguns tipos de cancro.

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Como se diagnostica?

É comum utilizar-se a medição do Índice de Massa Corporal (IMC) para se saber se se tem ou não um peso considerável saudável. O IMC calcula-se através da razão entre o peso e o quadrado da estatura: IMC= peso (Kg) / Altura ao quadrado (m). Consoante o resultado, e através da consulta de uma tabela definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pode perceber-se a classificação do peso [ver caixa].

Estamos em risco de sofrer de obesidade sempre que o valor do IMC for igual ou superior a 30. Outra medida utilizada a par do IMC como indicador de obesidade é a medição do perímetro abdominal. Porém, estes dois métodos, e sobretudo o IMC, não se adequam a todas as pessoas.

A obesidade e alguns tipos de cancro

Sabe-se que o excesso de gordura corporal é uma importante causa de cancro e, segundo a International Agency for Research on Cancer (IARC), da OMS, estima-se que seja responsável por 6% de todos os cancros nos países desenvolvidos. Mas nem todos os tipos de carcinomas têm uma correlação tão direta com a obesidade.

A IARC refere que a obesidade tem mais influência nos cancros da tiroide, esófago, estômago, rins, mieloma múltiplo, pâncreas, colorretal, ovários (o oitavo cancro mais comum entre as mulheres, tendo sido responsável por 300 mil novos casos em todo o mundo só em 2018, segundo dado da World Cancer Research Fund) e endométrio (é o sexto tipo de cancro mais comum entre as mulheres, tendo sido diagnosticados mais de 380 mil novos casos, a nível mundial, só em 2018, revela a mesma fonte), da vesícula, do fígado, o meningioma e o cancro da mama em mulheres em pós-menopausa.

Mais recentemente, um relatório da World Cancer Research Fund e do American Institute for Cancer Research incluiu, além destes, o cancro da próstata avançado, boca, faringe e laringe, por terem evidências suficientes, em estudos epidemiológicos, de uma relação com a obesidade.

Estilo de vida saudável

Esta é a solução para evitar a obesidade e, ao mesmo tempo, reduzir o risco de cancro. É que este pode dever-se a fatores genéticos (nos quais nada pode ser feito) — apenas 10% dos casos dos cancros são genéticos — ou comportamentais (como o estilo de vida), e, neste último caso, existem formas de o prevenir.

Segundo o SNS, adotar um estilo de vida saudável permite evitar metade dos casos de cancro.

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