um dos cancros mais frequentes nos homens
Há mais de três meses que o médico pediatra não dava consultas. Causou surpresa quando entrou na sala de cabeça rapada e mais pálido, mas enérgico e determinado como de costume. Era essa a "marca" da sua atitude que transmitia segurança e confiança a todos os pais que o procuravam quando as suas crianças adoeciam.
Foi a uma das mães com quem tinha uma relação mais antiga que explicou o motivo da sua ausência e mudança de imagem. No meio da sua intensa atividade de médico e de professor universitário recebera o diagnóstico de um cancro e já tinha iniciado as sessões de quimioterapia, que o deixaram sem cabelo.
Ocupado a tratar dos outros e a ensinar dezenas de alunos, não prestara a devida atenção a si próprio. Subvalorizou os sinais de um cancro na próstata, deixou o tempo passar, adiou consultas e exames e quando se assustou e resolveu, finalmente, procurar um colega a doença já estava em estado avançado. O seu caso somava-se às estatísticas que indicam a existência de mais de cem mil homens com cancro da próstata em Portugal.
"Vou ver se me trato", disse.
Apostar no diagnóstico precoce
Tudo poderia ter corrido de outra forma se este médico pediatra respeitado pela sua experiência e competência, tivesse seguido as recomendações que tão bem conhece.
O tumor da próstata é um dos mais frequentes nos homens com mais de 65 anos, o que se poderá explicar pela ação dos androgénios (hormonas masculinas), nomeadamente a testosterona, que parece contribuir para a multiplicação das células prostáticas, segundo o médico urologista José Santos Dias.
As principais queixas de um tumor na próstata, silencioso e, muitas vezes, assintomático, relacionam-se com urinar com mais frequência, não esvaziar a bexiga ou ter vontade súbita de urinar.
Nestes casos, as recomendações das sociedades de urologia são claras e dirigidas, sobretudo, aos homens com mais de 50 anos. Não há que hesitar em procurar o médico, já que a melhor forma de prevenir as consequências da doença e a sua gravidade é o seu diagnóstico precoce. Este faz-se inicialmente pela realização de uma análise ao sangue, o PSA (Antigénio Específico da Próstata) e do toque rectal, exames a que se podem juntar a ecografia e a ressonância magnética da próstata, entre outros.
Apesar das campanhas de informação, muitos homens continuam a não fazer exames de rotina e a procurar o médico em fases tardias da doença, em que as possibilidades de a tratar são diferentes.
É o diagnóstico precoce que tem contribuído de forma eficaz para a redução da taxa de mortalidade. O tratamento difere consoante o tumor tenha sido diagnosticado numa fase localizada ou numa fase mais avançada.
Em todos os casos, como sublinha o pediatra que continua a dar consultas enquanto prossegue as sessões de quimioterapia, "as guerras são para se ganhar".
Tenho Cancro. E depois? é um projeto editorial da SIC Notícias com o apoio da Médis.
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