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Alimentação saudável para evitar ou tratar o cancro

Atualizado a 22 abril 2019

Catarina Sousa Guerreiro, nutricionista Fundação Champalimaud

Para prevenir as doenças oncológicas, faça uma alimentação muito rica em frutos e hortícolas variados. Coma pouca carne. Opte por cereais integrais e lacticínios magros e evite alimentos processados e açucarados. São recomendações da nutricionista Catarina Sousa Guerreiro, da Fundação Champalimaud.

"É um erro comum restringir demais a alimentação."

Nos casos em que o cancro já está instalado, os conselhos são os mesmos mas "a adaptação da dieta aos sintomas associados ao tratamento é obrigatória, querendo isto dizer que a prioridade é ter um doente que se consiga alimentar, sendo necessárias por vezes muitas estratégias nutricionais para que a ingestão aconteça", explica. É um erro comum "restringir demais" a alimentação.

"No combate à doença instalada a alimentação representa um pilar fundamental que sustenta a resistência física do indivíduo. Um doente desnutrido, mal alimentado é um doente com maior risco de toxicidade dos tratamentos ou maior taxa complicações cirúrgicas, e por isso com pior prognóstico", afirma.

Há 17 anos que, todos os dias, Catarina Sousa Guerreira ajuda pessoas com cancro a planearem a sua alimentação para manterem uma boa condição física durante os tratamentos. Sempre a fascinou o papel que a nutrição pode desempenhar no tratamento da doença ou na promoção da saúde do indivíduo. "Do lado da prevenção são muitos os tumores sobre os quais é sabido que os estilos de vida, nomeadamente a alimentação e composição corporal, influenciam de forma importante o risco de doença", esclarece.

"Sopa de legumes, hortícolas e frutos são sinónimos de comer melhor e de forma muito acessível."

Como cada caso é um caso, as estratégias nutricionais a adotar também dependem "do quadro clinico e dos tratamentos" a que os doentes estão ou vão ser sujeitos. Sendo certo que "sopa de legumes, hortícolas e frutos são sinónimos de comer melhor e de forma muito acessível", sublinha a nutricionista.

Lamenta o facto de muitos doentes "procurarem o nutricionista já numa fase tardia de tratamentos", o que leva a que as estratégias sejam também utilizadas tarde e fazendo com que os resultados clínicos não se revelem "tão favoráveis quanto aqueles que se poderiam obter caso o acompanhamento se desse logo desde o início".

"Há muitas mensagens contraditórias relacionadas com a alimentação e o cancro, divulgadas em blogs e livros, oriundas de reflexões individuais, sem fundamentos científicos, que acabam por confundir muito os doentes."

Entre as dificuldades que mais enfrenta no seu trabalho, Catarina Sousa Guerreira aponta "as mensagens contraditórias relacionadas com alimentação e cancro que surgem em blogs, livros,.... oriundas de relatos e reflexões individuais, sem fundamentos científicos e que por isso mesmo acabam por confundir muito os doentes".

Mas apesar destes obstáculos, a nutricionista recebe frequentemente sinais gratificantes da sua atividade, sentindo "que através de algo tão simples e natural como a alimentação podemos potenciar uma melhor qualidade de vida do doente".

Tenho Cancro. E depois? é um projeto editorial da SIC Notícias com o apoio da Médis.

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