Prevenção é a melhor arma
Atenção aos medicamentos (como antibióticos e anti-inflamatórios) e cosméticos que provocam fotossensibilidade (maior sensibilidade da pele à exposição solar). Prefira as sombras, já que as superfícies como areia, água e neve podem refletir mais de 50% da radiação UV. Tenha especial cuidado com as crianças "pois as agressões provocadas pela radiação UV são cumulativas ao longo da vida" e os protetores solares físicos (com óxido de zinco e dióxido de titânio) devem ser usados a partir dos seis meses de idade. Estas são algumas das recomendações do médico dermatologista, Pedro Torres, para prevenir os cancros da pele.
Tumor mais frequente nas pessoas de pele clara, o cancro da pele tem aumentado de frequência nas últimas décadas, sobretudo a partir dos anos 60, “na Europa, USA e Austrália, associado à exposição solar exagerada e inadequada, responsável por 90% destes cancros”, explica Pedro Torres. Tendo em vista a prevenção, acrescenta outras recomendações:
- evite a exposição solar nas horas mais perigosas (11h00-16h00), conselho extensivo aos dias enevoados
- use protetor solar com índice (SPF)>=30, durante todo o ano, reforçando a sua aplicação de duas em duas horas ou após atividades aquáticas ou com grande transpiração, não esquecendo as áreas como os pavilhões auriculares, os lábios, o pescoço, o decote e dorso das mãos
- use vestuário protetor e chapéu
- e evite os solários, pois “aumentam acentuadamente o risco de cancro de pele”.
Aumentar a informação é preciso
Entre os três tipos de cancro da pele mais frequentes (o basalioma [ou carcinoma Basocelular]; o carcinoma espinocelular e o melanoma maligno, este "é de longe o mais perigoso, sendo responsável por três quartos da mortalidade, apesar de apenas corresponder a 5 – 10% do total dos cancros de pele", esclarece o dermatologista, notando que há ainda muitos outros tipos de neoplasias malignas, mas muito menos frequentes, como os linfomas e o sarcoma de Kaposi.
Para aumentar os conhecimentos da população quanto à prevenção primária (regras de convivência com os UV) e secundária (deteção precoce do cancro da pele), os dados científicos atuais nesta matéria "devem ser integrados em várias áreas como os currículos escolares, o urbanismo, as atividades ao ar livre, a comunicação social", defende Pedro Torres.
Referindo-se à circulação de assinalável quantidade de informação em vários espaços, "grande parte incorreta ou com fins comerciais", o médico considera a necessidade de "recolhê-la de fontes idóneas como a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), a American Academy of Dermatology (AAD), a European Academy of Dermatology and Venereology (EADV) e a The Skin Cancer Foundation, entre outras".
Destaca ainda a campanha internacional de prevenção do melanoma (Dia do Euromelanoma) e a campanha organizada pela APCC nas praias portuguesas para sensibilizar as populações relativamente à prevenção.
A investigação em Portugal
Apesar de afirmar que a investigação básica e clínica nesta área é abundante em Portugal, nomeadamente desenvolvida em centros de referência e também pela indústria farmacêutica, Pedro Torres considera que "políticas públicas com horizontes de longo prazo, com menos precariedade dos investigadores e maior apoio aos centros que marcam a qualidade, seriam bem vindas". Na sua perspetiva, "a profissionalização do ramo de ensaios clínicos dentro de serviços hospitalares permitiria trazer para Portugal numerosos ensaios da indústria farmacêutica e poderia ser uma importante fonte económica e de conhecimento científico, bem como de cooperação com os principais centros de investigação mundiais".
Tenho Cancro. E depois? é um projeto editorial da SIC Notícias com o apoio da Médis.
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