Os benefícios de (realmente) relaxar nas férias

Atualizado a 17 agosto 2018

Finalmente chega aquele momento que ansiámos o ano inteiro: as férias. Vamos sair da rotina, sair de casa, sair da cidade. Mas, infelizmente, por vezes levamos connosco mais do que devíamos. Muitas pessoas levam consigo o trabalho, encaixado na bagageira entre o chapéu de sol e os brinquedos da praia.

O tempo de férias é tempo livre que resulta dos dias trabalhados. Por isso, é tempo precioso e merecido, que pode ser usado em benefício da sua saúde.

AS FÉRIAS FAZEM BEM AO CORAÇÃO

As férias podem trazer uma série de benefícios. Inclusive para o coração. Um estudo do departamento de Psicologia da Universidade de Nova Iorque, sob a égide de Brooks B. Gump, concluiu que existe uma redução no risco de mortalidade por doenças cardiovasculares em homens de meia idade que fazem férias anuais.

Este estudo resultou da análise de quase 13 mil homens, durante 9 anos, com idades compreendidas entre os 35 e os 57 anos com risco de doença cardiovascular. O mesmo autor cita outro estudo, realizado pelo prestigiado The Framingham Heart Study, que procurou analisar os benefícios das férias nas mulheres.

Os dados observados permitiram aferir que existe uma associação entre o risco de ataques cardíacos e doenças relacionadas com o coração nas mulheres e o facto de não tirarem dias de férias.

VANTAGENS PARA A PRODUTIVIDADE

As vantagens são transversais à atividade profissional, uma vez que as pausas no trabalho tornam-nos mais produtivos. Sabine Sonnentag, psicóloga da Universidade de Mannheim, na Alemanha, adianta que “a incapacidade de desligar do trabalho é visível nos sintomas de burnout, que têm impacto no bem-estar e na produtividade”.

Por outro lado, também conclui que “desligarmo-nos do trabalho quando estamos de férias torna-nos mais resilientes para lidar com o stress e mais produtivos e envolvidos com o trabalho”. Mesmo uma escapada de fim de semana pode ajudar a recuperar do stress acumulado. Após as férias, 64% das pessoas dizem que “se sentem refrescados e motivadas para voltar ao trabalho”.

Outro estudo, do departamento de Trabalho e Psicologia Organizacional da Universidade de Radboud, na Holanda, concluiu que 60% dos inquiridos registaram melhorias ao nível da saúde e bem-estar durante e após o período de férias. A mesma universidade indica ainda que os efeitos positivos tendem a dissipar-se em períodos mais longos de férias. Por outro lado, dedicarmo-nos a atividades de relaxamento e desconexão do trabalho contribui positivamente para a saúde e bem-estar.

O DILEMA DE NÃO CONSEGUIR DESLIGAR

O período de férias é uma boa oportunidade para nos afastarmos de alguns fatores desencadeadores de stress. A ideia é criar um período de segurança importante para diminuir os níveis de ansiedade. No entanto, nem todas as pessoas conseguem deixar o trabalho… no trabalho.

Um inquérito, realizado pela American Psychological Association (APA), chegou à conclusão que o período de férias tem efeitos positivos na motivação e produtividade dos trabalhadores. No entanto, esse efeito tende a dissipar-se poucos dias após o regresso.

O inquérito realizou-se nos Estados Unidos da América, um país que não contempla dias de férias nos contratos de trabalho, apesar de ser prática comum em muitas empresas norte-americanas. David Ballard, psicólogo à frente do Centro para a Excelência Organizacional da APA, é da opinião que “as pessoas precisam de tempo livre para prevenir o burnout”.

No entanto, as pessoas não devem contar apenas com os dias de férias para repor a energia e a motivação. A maioria dos inquiridos respondeu que, quando regressou ao trabalho, se sentia mais bem disposto (68%), com mais energia (66%), motivado (57%), menos “stressado” (58%) e que a qualidade do seu trabalho tinha melhorado (55%).

Contudo, 21% admitiu sentir-se “stressado” durante as férias, 28% afirmou ter trabalhado mais nas férias do que tinha planeado e 42% confessou ter alguma relutância em voltar a trabalhar.

Ainda de acordo com o inquérito, 32% dos inquiridos referiu que a carga de trabalho torna difícil tirar férias. 25% refere que tem medo de perder informação importante ou oportunidades de trabalho, 23% admitiu sentir-se culpado por tirar férias e 19% não tira férias porque receia que isso seja visto como falta de empenho.

Mesmo com as devidas distâncias da realidade laboral dos Estados Unidos, Ballard refere que “uma cultura de apoio e supervisão, o pagamento das férias, práticas e políticas que criem um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, assim como aspetos mais psicológicos como o sentido de justiça e confiança, são aspetos fundamentais para que os trabalhadores voltem de férias mais motivados”.

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