2016.09.23

Hipertensão arterial

No mundo atual existe cada vez mais informação sobre temas de saúde. 

A Hipertensão Arterial é um tema hoje em dia referido por muitos, conhecido de muitos mas continua a ser uma situação clínica sub-diagnosticada e com enorme impacto na saúde das pessoas, em Portugal e não só.

Os números falam por si. Em Portugal, 43% da população sofre de hipertensão arterial. Depois dos 65 anos, quase 80% dos portugueses são hipertensos. Apenas uma minoria está tratada e controlada. A hipertensão arterial é uma das causas principais de morte em Portugal. Cerca de metade dos hipertensos não sabem que o são. Deverá questionar-se porquê. Na verdade, a hipertensão é uma doença silenciosa, tal como o valor elevado do colesterol. Na maioria das vezes não dá quaisquer sintomas e as pessoas não medem regularmente a sua hipertensão arterial.

Afinal o que é a hipertensão arterial?
A hipertensão é o resultado da força excessiva que o sangue exerce no interior das artérias. Esta pressão excessiva que acaba por causar danos nos vasos, no coração, nos rins e no cérebro. Existem dois valores referidos quando se fala de hipertensão. A tensão arterial máxima – sistólica – e a tensão arterial mínima – a diastólica. A pressão arterial normal deve situar-se de um modo geral abaixo dos 140/90mmHg.

Como diagnosticar a hipertensão arterial?
Por vezes os valores altos dão sintomas: dores de cabeça matinais, tonturas, palpitações, cansaço, zumbidos e vertigens. Mas na maioria dos casos não há sintomas.
A medição da tensão arterial é influenciada por muitos factores: o aparelho em que se mede, o ambiente, o estado emocional, a alimentação prévia. A medição deve ser feita com um aparelho automático ou semi-automático, com o doente sentado com o braço ao nível do coração, sem se ingerir café ou alimentos meia hora antes. Deve-se medir a tensão arterial nos dois braços uma primeira vez. Durante a noite existe uma diminuição fisiológica da mesma, existindo depois um pico de madrugada/manhã. Também existe uma variação sazonal. É mais alta no inverno e mais baixa no Verão. A auto-medição é aconselhável cumprindo estas regras, mas com moderação. Muitas vezes isto leva a comportamentos obsessivos levando a medições de tensão arterial por tudo e por nada. A frequência deve ser sempre orientada pelo médico. A discrepância entre medições em casa, farmácia, consultório, pode levar ao pedido de um exame ambulatório de 24 horas de TA (MAPA).
Uma vez estabelecido o diagnóstico existem factos de que o doente deve ter conhecimento. O consumo de sal no nosso país é excessivo e deve ser reduzido. Também o sedentarismo deve ser abandonado, deve-se  abandonar o tabaco, reduzir o peso, reduzir o consumo excessivo de álcoo.  São tudo medidas importantes no controlo da TA.
Igualmente importante também é saber se existem outros factores de risco cardiovasculares associados: Diabetes Mellitus, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo, obesidade, história familiar de doença coronária. Alguns destes comportamentos são modificáveis e ajudam mais facilmente a controlar a TA.
A maioria dos doentes tem hipertensão arterial por um conjunto de situações: factores genéticos, hábitos de vida errados como o excesso de sal, o stress, as gorduras e o sedentarismo (em Portugal 75% da população é sedentária). Esta situação é chamada de hipertensão arterial primária ou essencial e contribui para 95% dos casos. Os outros 5% são devidos a causas raras: doenças renais, doenças da tiróide, das glândulas supra-renais, das artérias dos rins. É mandatório investigar estas situações se for diagnosticada hipertensão arterial antes dos 35 anos ou quando os valores da TA não são controlados com muitos medicamentos.

Os mitos:
“Tenho a tensão alta de causa nervosa”, “não preciso de medir a tensão arterial porque tomo comprimidos”, “sinto-me bem e por isso não meço a TA”, “não sou hipertenso porque tomo medicação”. São um erro. A tensão arterial elevada aparece por várias razões como foi referido. O doente hipertenso necessita medir regularmente a TA e deve ser observado também regularmente pelo seu médico. Isto porque os valores elevados na maioria das vezes não dão sintomas. Em Portugal apenas 11% dos doentes tratados têm a sua TA controlada.
Na verdade a hipertensão arterial é uma doença para a vida. Pode ser controlada, mas terá sempre de ser acompanhada e medicada.
As modificações dos hábitos de vida como perder peso, fazer exercício físico, reduzir o sal, ajudam ao controlo da TA, entre outros. Só assim poderá ser evitado o mal que a hipertensão arterial fará a longo-prazo ao coração, ao cérebro, aos rins.
É uma doença tratável, controlável e que, assim sendo, ajuda a prevenir doenças graves como, em extremo, o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral.

Na verdade e em resumo, para prevenir a hipertensão arterial é importante ter em conta todos os nossos hábitos de vida “pouco saudáveis” e, o mais cedo possível, modificá-los. No caso de já ter hipertensão arterial o controlo da mesma passa sempre por modificações de estilo de vida para além da terapêutica medicamentosa. 

Manuela Melo
Especialista de Medicina Interna
Médica Assistente Médis

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