2014.12.03

Estudo levanta dúvidas sobre Poder Anti enfarte do HDL


Uma investigação internacional, coordenada pelo Massachusetts General Hospital de Boston num universo de 120 mil pessoas, levanta grandes reservas sobre a vantagem do HDL na redução do risco de enfarte cardiovascular.

O “colesterol bom”, o HDL, poderá ser menos eficaz do que o previsto na redução do risco de enfarte. Um estudo internacional realizado num universo de 120 mil pessoas e publicado na revista Lancet levanta fortes dúvidas sobre esta questão. A investigação, conduzida por Sekar Kathiresan, do Massachusetts General Hospital de Boston e pelo Departamento de Genética da Universidade da Pensilvânia, parte do princípio de que o “colesterol mau”, o LDL, é um perigo para a saúde do coração e das artérias, pelo que a redução dos seus níveis reduz o risco de acidentes cardiovasculares, mas os investigadores questionam o que acontece quando se aumenta o nível do “colesterol bom”. 

Para responder a esta dúvida, uma equipa internacional de investigadores realizou testes de ADN a 120 mil pessoas para controlar uma variante particular do gene Lipg ligado à quantidade de colesterol HDL no sangue: quanto mais o gene com esta variante produz proteína, mais elevada é a quantidade de “colesterol bom”. 

Em simultâneo, noutras 53 mil pessoas, os investigadores estudaram outras catorze variantes genéticas associadas exclusivamente aos níveis de colesterol HDL. A investigação concluiu que “certos mecanismos genéticos que aumentam os níveis de colesterol HDL no sangue não parecem reduzir os riscos de enfarte do miocárdio”. 

Para tentar perceber até que ponto esta relação existe, a equipa norte-americana recorreu à genética, observando pessoas geneticamente predispostas a terem valores elevados de “colesterol bom” no sangue. Se o HDL ajudasse a reduzir o risco de enfarte, esses indivíduos com valores mais elevados deveriam estar menos sujeitas a este problema, mas, num universo de milhares de pessoas estudadas (20.913 casos de ataque cardíaco e 95.407 sob controlo médico), nada permitiu chegar a essa conclusão. Segundos os autores do estudo, aumentar o nível de “colesterol bom” não permite evitar o risco de enfarte. “Talvez não valha a pena investir em fármacos capazes de aumentar o nível de HDL”, referiu o hematologista Pier Mannuccio Mannuci, diretor científico da Fondazione Policlinio, em Milão, um dos participantes na investigação. Os dados da pesquisa colocam em causa uma situação que era geralmente aceite, mas os seus autores não colocam em dúvida de que o colesterol total, ou seja, a soma do “colesterol bom” e do “colesterol mau”, está intimamente ligada ao risco de enfarte, sublinhando que, em qualquer caso, não é apenas o colesterol a pôr o coração em risco, havendo outros fatores determinantes, como o tabaco.

Links para a Consulta do Estudo: 

(1) Lancet




Fonte: Revista Mais Médis nº7, Edição: Cofina Media
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