2017.07.08

5 razões para brincar na rua

As crianças parecem ter nascido para brincar, correr e crescer ao ar livre. Pegar numa bola e jogar com os amigos é algo tão natural como respirar. Nos últimos 20 anos, com os novos ritmos de vida urbana e avanços da tecnologia, o que era um hábito indissociável da infância está a transformar-se numa rara oportunidade. Brincar na rua contribui para um bom desenvolvimento físico, cognitivo e intelectual, além de combater o sedentarismo e a obesidade, defendem os pediatras e outros especialistas. Conheça cinco razões válidas para fomentar as atividades no exterior.

1. Brincar na rua estimula o cérebro

Brincar ao ar livre é o passaporte para um bom desenvolvimento intelectual. O contacto com o mundo exterior estimula a memória, a concentração e a imaginação. Diversos estudos desenvolvidos pela National Association for the Education of Young Children (NAEYC) demonstram que brincar no meio da natureza desperta a curiosidade, o sentido de descoberta, a experimentação e a vontade de querer saber mais. Durante as férias de verão, leve as suas crianças até aos parques, jardins e espaços verdes.

2. Combater o sedentarismo com brincadeiras

Uma investigação da Appalachian State University, na Carolina do Norte, concluiu que, apesar do aumento da obesidade entre crianças e adolescentes mais velhos entre 1999 e 2014, a prevenção está a dar os primeiros frutos. O excesso de peso tem diminuído em crianças com menos de cinco anos. A pesquisa, que envolveu grupos de trabalho da Academia de Pediatria Americana junto de crianças em ambiente rural e com atividade física mais intensa e outras mais urbanas e sedentárias, observou que os melhores índices de peso se encontram entre as que brincam na rua. Ainda sim, estima-se que as crianças até aos sete anos estejam a gastar menos 20 a 30% de energia do que as recomendações da Organização Mundial de Saúde. Portugal é o segundo país europeu com a taxa mais elevada de excesso de peso em crianças com 11 anos (32%), só superado pela Grécia (33%).

3. Brincar na rua promove a autoestima

As crianças que brincam mais em jardins e parques são mais comunicativas e têm uma maior autoestima. A garantia é deixada num estudo do departamento de Educação e Psicologia, da Universidade de Aveiro, que envolveu um grupo de crianças da primeira infância, entre 15 e os 36 meses. Os investigadores chegaram à conclusão que "as características específicas e o estímulo do ambiente ao ar livre proporcionam diferentes oportunidades de brincar que dificilmente podem ser replicadas no interior. Ao brincar na rua, a criança pode experimentar, resolver problemas, pensar criativamente, cooperar com os outros para obter um conhecimento mais aprofundado sobre si mesmo e sobre o mundo. A possibilidade de a criança experimentar, de decidir como e com quem fazer promove a autoestima, autonomia e confiança.

4. Reforça o sistema imunitário

Se na barriga da mãe a criança está protegida dos microrganismos exteriores e nos primeiros meses de vida ainda tem a proteção do leite materno, à medida que cresce é o contacto com o mundo exterior que lhe fornece as armas para combater os agentes agressores. Estudos confirmam que as brincadeiras ao ar livre contribuem para o desenvolvimento ósseo, sistema imunitário mais forte e estimulam a atividade física. Especialistas consideram urgente sensibilizar os pais para a necessidade de atividades ao ar livre na infância. Uma medida que passa por superar os receios relacionados com eventuais riscos de quedas ou outros perigos, e por valorizar o que se passa fora da sala do infantário.

5. Ser feliz fora de portas

Segundo um estudo de 2011, da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), o tempo despendido diariamente em frente ao ecrã em crianças com média de cinco anos foi de 54,3%, valor superior ao recomendado pela Academia Americana de Pediatria. Numa altura em que a depressão na infância e adolescência tem vindo a aumentar, a SPP avisa os pais que brincar em liberdade parece ser um fator protetor contra o stress e a ansiedade, em vez de ficar fechado, em frente a dispositivos eletrónicos. Tirar os mais jovens de casa pode ser a melhor arma para prevenir problemas psíquicos. Em atividades dirigidas por um adulto, adverte a SPP, as regras estabelecidas podem limitar o exercício da criatividade, a capacidade de liderança e a aquisição de competências de grupo.

A Sociedade Americana de Pediatria e a sua congénere nacional alertam para a urgência de brincar na rua para combater o sedentarismo, desenvolver as capacidades intelectuais e motoras da criança.


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